Evento de 21.6.2018
Marcelo
Câmara toma posse
na
Cadeira 37 de Raul Pompeia
da
Academia Fluminense de Letras
Com
a leitura da Oração-Ensaio intitulada Raul Pompeia: O Gênio feito Homem,
tomou posse, na Academia Fluminense de Letras – AFL, na Cadeira nº 37,
patronímica de Raul Pompeia, o jornalista, escritor, editor e consultor
cultural MARCELO Nóbrega da CÂMARA Torres. Com seis livros publicados e centenas de
trabalhos nas áreas da Criação e Crítica Cultural, Literatura, Humor, Artes, Ciências
Sociais, História, Política e Estética, e uma exitosa carreira como realizador
em diversas áreas da Cultura, Marcelo é terceiro intelectual nascido em Angra
dos Reis, terra de Raul D’Ávila Pompeia, a ingressar na instituição. O novo
imortal foi saudado pelo decano da AFL, o poeta, crítico e editor literário
Sávio Soares de Sousa. A Sessão Solene da AFL foi presidida por Waldenir de
Bragança, que comanda a instituição e que possui cento e um anos de atividades. O
Presidente entregou a Marcelo Câmara o Diploma de Membro Titular da Classe de
Letras. Compareceu à cerimônia o professor da Universidade Federal Fluminense,
Jayro José Xavier, de quem Marcelo Câmara foi aluno e que o qualifica seu
“mestre na Literatura”. Jayro José Xavier é considerado pela crítica brasileira
e ibérica um dos mais importantes poetas e ensaístas contemporâneos. Também
estiveram presentes à tarde-noite na sede da AFL o professor Domingos Marques,
representando o Deputado Estadual e Vice-Prefeito de Niterói, Comte
Bittencourt, vários acadêmicos, parentes do empossado e amigos seus de
juventude. O novo imortal recebeu a beca e a medalha, símbolos que identificam
a condição de Membro da AFL, de sua esposa, a Professora Luiza Petersen.
Raul Pompeia foi considerado pelo Prêmio Nobel de Literatura, José
Saramago, recentemente falecido, o maior escritor brasileiro, ao lado de
Machado de Assis. Pompeia é o autor do insuperável romance O Ateneu – crônica de saudades, publicado em 1888, com dezenas de
edições aqui e no exterior e considerado, unanimemente, uma obra-prima da
Literatura Brasileira e Universal. Também é o autor, entre centenas de outros
trabalhos publicados, das preciosas Canções
sem metro, pequenos textos de poesia em prosa, admirados,
internacionalmente, pelo tratamento e escritura ousada e única dos temas e do
refinado e extraordinário estilo. Suas obras completas foram publicadas em dez
volumes pelo MEC, pela editora Civilização Brasileira e a Prefeitura de Angra
dos Reis, em 1981. Organizadas por Afrânio Coutinho, após vinte anos de
trabalho, incluem, além das obras citadas, as reflexões filosóficas de Alma Morta ou Cartas para o Futuro; novelas, contos e crônicas; artigos e
escritos políticos; perfis, crítica literária e artística; correspondência e
poesia; caderno de notas íntimas e pensamentos; a reportagem Excursão Ministerial; A Mão de Luís Gama e dispersos;
ilustrações, desenhos e caricaturas; outros textos até então inéditos, avulsos
e fotografias.
Na sua longa, profunda e emocionada Oração-ensaio, Marcelo falou da
convivência com Sávio Soares de Sousa durante a sua juventude; da sua formação,
percurso literário e cultural do qual o pai, Câmara Torres, foi a principal
influência, o personagem principal da sua vida; discorreu sobre a vida e a obra
de seus antecessores na cadeira 37: o fundador Adelino Magalhães, Alípio Mendes
e Calheiros Cruz; percorreu toda a existência de Raul Pompeia, destacando
traços da sua personalidade e caráter do gênio angrense; e fez uma ampla
análise crítica estilística da obra do grande escritor. Raul Pompeia
(1863-1895) foi um artista anticonservador, revolucionário, de vanguarda,
nacionalista, pleno, múltiplo, de elevadas e extraordinárias expressões, em
diversas áreas da Cultura, produzindo em vários gêneros e formas literárias.
Além de romancista, jornalista (repórter, redator e editor), cronista,
contista, desenhista, caricaturista, foi um publicista notável, grande orador,
ideólogo e militante contra a Escravidão e pela implantação da República.
Também foi professor de Estética, Mitologia e diretor da Escola Nacional de
Belas Artes, da Biblioteca Nacional e diretor de Estatística da União, embrião
do atual IBGE. Vítima de infâmias e calúnias, insultado num ambiente agitado
por paixões e lutas políticas, deprimido, sentindo-se ofendido em sua honra de
cidadão, artista e profissional da Imprensa e da Literatura, suicidou-se, no
auge da sua carreira, aos trinta e dois anos. Foi um dos intelectuais mais
eruditos e produtivos da sociedade brasileira de seu tempo. Atualmente, Pompeia
e sua diversificada obra são muito pesquisados e discutidos, objetos de teses
em universidades brasileiras e estrangeiras e em centros de estudos brasileiros
em diversos países do mundo.