quarta-feira, 27 de junho de 2018

MARCELO CÂMARA TOMA POSSE NA AFL


Evento de 21.6.2018

Marcelo Câmara toma posse
na Cadeira 37 de Raul Pompeia
da Academia Fluminense de Letras

 
(Foto: Aldo Pessanha)



Com a leitura da Oração-Ensaio intitulada Raul Pompeia: O Gênio feito Homem, tomou posse, na Academia Fluminense de Letras – AFL, na Cadeira nº 37, patronímica de Raul Pompeia, o jornalista, escritor, editor e consultor cultural MARCELO Nóbrega da CÂMARA Torres. Com seis livros publicados e centenas de trabalhos nas áreas da Criação e Crítica Cultural, Literatura, Humor, Artes, Ciências Sociais, História, Política e Estética, e uma exitosa carreira como realizador em diversas áreas da Cultura, Marcelo é terceiro intelectual nascido em Angra dos Reis, terra de Raul D’Ávila Pompeia, a ingressar na instituição. O novo imortal foi saudado pelo decano da AFL, o poeta, crítico e editor literário Sávio Soares de Sousa. A Sessão Solene da AFL foi presidida por Waldenir de Bragança, que comanda a instituição e que possui cento e um anos de atividades. O Presidente entregou a Marcelo Câmara o Diploma de Membro Titular da Classe de Letras. Compareceu à cerimônia o professor da Universidade Federal Fluminense, Jayro José Xavier, de quem Marcelo Câmara foi aluno e que o qualifica seu “mestre na Literatura”. Jayro José Xavier é considerado pela crítica brasileira e ibérica um dos mais importantes poetas e ensaístas contemporâneos. Também estiveram presentes à tarde-noite na sede da AFL o professor Domingos Marques, representando o Deputado Estadual e Vice-Prefeito de Niterói, Comte Bittencourt, vários acadêmicos, parentes do empossado e amigos seus de juventude. O novo imortal recebeu a beca e a medalha, símbolos que identificam a condição de Membro da AFL, de sua esposa, a Professora Luiza Petersen.

Raul Pompeia foi considerado pelo Prêmio Nobel de Literatura, José Saramago, recentemente falecido, o maior escritor brasileiro, ao lado de Machado de Assis. Pompeia é o autor do insuperável romance O Ateneu – crônica de saudades, publicado em 1888, com dezenas de edições aqui e no exterior e considerado, unanimemente, uma obra-prima da Literatura Brasileira e Universal. Também é o autor, entre centenas de outros trabalhos publicados, das preciosas Canções sem metro, pequenos textos de poesia em prosa, admirados, internacionalmente, pelo tratamento e escritura ousada e única dos temas e do refinado e extraordinário estilo. Suas obras completas foram publicadas em dez volumes pelo MEC, pela editora Civilização Brasileira e a Prefeitura de Angra dos Reis, em 1981. Organizadas por Afrânio Coutinho, após vinte anos de trabalho, incluem, além das obras citadas, as reflexões filosóficas de Alma Morta ou Cartas para o Futuro; novelas, contos e crônicas; artigos e escritos políticos; perfis, crítica literária e artística; correspondência e poesia; caderno de notas íntimas e pensamentos; a reportagem Excursão Ministerial; A Mão de Luís Gama e dispersos; ilustrações, desenhos e caricaturas; outros textos até então inéditos, avulsos e fotografias.

Na sua longa, profunda e emocionada Oração-ensaio, Marcelo falou da convivência com Sávio Soares de Sousa durante a sua juventude; da sua formação, percurso literário e cultural do qual o pai, Câmara Torres, foi a principal influência, o personagem principal da sua vida; discorreu sobre a vida e a obra de seus antecessores na cadeira 37: o fundador Adelino Magalhães, Alípio Mendes e Calheiros Cruz; percorreu toda a existência de Raul Pompeia, destacando traços da sua personalidade e caráter do gênio angrense; e fez uma ampla análise crítica estilística da obra do grande escritor. Raul Pompeia (1863-1895) foi um artista anticonservador, revolucionário, de vanguarda, nacionalista, pleno, múltiplo, de elevadas e extraordinárias expressões, em diversas áreas da Cultura, produzindo em vários gêneros e formas literárias. Além de romancista, jornalista (repórter, redator e editor), cronista, contista, desenhista, caricaturista, foi um publicista notável, grande orador, ideólogo e militante contra a Escravidão e pela implantação da República. Também foi professor de Estética, Mitologia e diretor da Escola Nacional de Belas Artes, da Biblioteca Nacional e diretor de Estatística da União, embrião do atual IBGE. Vítima de infâmias e calúnias, insultado num ambiente agitado por paixões e lutas políticas, deprimido, sentindo-se ofendido em sua honra de cidadão, artista e profissional da Imprensa e da Literatura, suicidou-se, no auge da sua carreira, aos trinta e dois anos. Foi um dos intelectuais mais eruditos e produtivos da sociedade brasileira de seu tempo. Atualmente, Pompeia e sua diversificada obra são muito pesquisados e discutidos, objetos de teses em universidades brasileiras e estrangeiras e em centros de estudos brasileiros em diversos países do mundo.



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