Darcy, Brizola e Niemeyer: os criadores dos CIEPS Foto: www.pdt.org.br |
Desde a sua morte, os políticos federais, estaduais e
municipais, e as Oposições circunstanciais, as de plantão, em qualquer nível, a
mídia, os cientistas sociais e políticos – todos que, no passado, sempre criticaram
as suas ideias e posições não se cansam de repetir o que Brizola sempre afirmou,
e sempre foi contestado, por mais de cinquenta anos. Os que sobreviveram a
Brizola fazem, diariamente, pronunciamentos e dão entrevistas, como se fossem
eles os primeiros a se manifestarem sobre certas questões nacionais, como que
fossem eles os que descobriram o que Brizola repetiu por décadas. São problemas
cristalizados, que estão se transformando em arqueologia na nossa História. Abaixo alguns dos pensamentos do Homem Público Leonel
Brizola, proclamados, sem medo, sem ódio, durante toda a sua vida de lutas pelo Povo
Brasileiro, de coerência ideológica e política.
- Sobre o Trabalhismo, hoje, no Brasil, uma doutrina na gaveta, e ausente da vida partidária:
“O
Trabalho é o valor primacial, fundamental, insubstituível, o principal
elemento, essencial na vida de uma sociedade. O trabalho deve ser a base da
Economia, deve perpassar toda a vida social. Ele é o elemento que humaniza, eleva,
honra e dignifica a Vida e o Homem na Comunidade, na sua conduta como cidadão,
agente criador e produtivo e nas suas relações com o outro, com a Coletividade,
com o Estado.“
- Sobre o Povo Brasileiro:
“A
elite norte-americana luta pelo povo norte-americano. A elite alemã defende o
povo alemão. A elite japonesa briga pelo povo japonês. E assim por diante. Cada
elite de um país trabalha pelo povo do seu país. Aqui, não. O Povo Brasileiro é
bom, trabalhador, generoso. O que não presta é parte das nossas elites, vinda
de vários pontos, com vários matizes. Ora dá as costas para o seu Povo,
ignora-o; ora se locupleta dos bens do País, saqueia a Nação; ora
se alia às elites de outros países para auferir criminosamente lucros e vantagens indevidas,
em detrimento do Povo Brasileiro.”
- Sobre a sua “tara” existencial e política, a Educação:
“A
Educação é o principal dever, instrumento, a principal tarefa de uma Nação que
pretende ser livre e soberana, reproduzir gerações conscientes e responsáveis
pelo seu desenvolvimento, forjar o seu futuro com independência e autonomia, missão
de um País que quer ser dono do seu próprio destino. Não se confunda escola de “horário
integral” com escola de “Educação Integral”: a primeira é uma extensão de permanência
das crianças numa escola deficiente, precária, que, com raríssimas exceções,
tivemos no passado; a segunda é uma nova Escola, onde a criança tem ensino,
orientação moral e social, assistência integral às suas necessidades físicas, psicológicas,
mentais e culturais, e é preparada, com dignidade e respeito, para a Vida, a Cidadania e o Trabalho. Cada CIEP deve ser um espaço, um pólo, centro de
convergência social, de criação e divulgação cultural de uma comunidade.”
- Sobre os brasileiros:
“A
vida das nossas crianças começa no ventre materno. Temos de proporcionar um
pré-natal seguro, eficiente, de qualidade, às mães brasileiras. O cérebro das
nossas crianças tem de ser cuidado antes do seu nascimento. Depois, na pré-escola,
tudo começa acontecer no desenvolvimento físico, mental, psicológico, afetivo, intelectual
das nossas crianças. É o período onde se formam e se consolidam as matrizes
orgânicas, mentais, emocionais nos cérebros das nossas crianças. Elas precisam
de atenção, substanciosa nutrição, cuidados, carinho. É como ocorre nos computadores: se um desses chips
queimar, não tem mais jeito. Se não dermos a elas boas condições de higiene,
saúde, uma família bem estruturada, uma boa pré-escola, eficiente e eficaz, o
que será da alfabetização dessas crianças, do seu curso de 1º grau? São nessas
fases, da primeira infância onde se constroem as bases do indivíduo, das futuras
cidadãs e cidadãos.”
- Sobre o tráfico de drogas e armas:
“O
Rio de Janeiro não fabrica drogas nem armas. Tudo vem de fora. Precisamos assumir
definitivamente, vigiar e controlar as nossas fronteiras, tarefa constitucional
da União, da Polícia Federal, da Receita Federal, das nossas briosas Forças
Armadas. É pelas nossas fronteiras, marítimas e secas, que entram as drogas, as
armas e também ocorre o tráfico de pessoas, legiões de seres humanos
escravizados pelo crime e a infâmia.”
- Sobre Getúlio Vargas:
“O
Presidente Getúlio Vargas foi o grande estadista que o Brasil teve no Século
XX: construiu o Estado, ergueu a Nação e organizou a Economia nacional,
estabeleceu os deveres e direitos dos trabalhadores, lutou até a morte pela
nossa independência e soberania.”
- Sobre João Goulart:
“Jango
foi derrubado por um conluio da direita entreguista e antinacional, aliada a
forças externas, porque era um nacionalista que queria um Brasil livre e
desenvolvido, defendia os direitos e interesses do Povo Brasileiro e as
riquezas do País”
- Sobre Segurança Pública no RJ:
“Eu
jamais proibi a Polícia Civil ou Militar de subir os morros cariocas, penetrar
nas favelas, onde prospera, como no asfalto, a bandidagem e a criminalidade. O
que eu nunca permiti é que a polícia invadisse as comunidades pobres atirando a
esmo, chutando as portas dos barracos dos trabalhadores, assassinando, com
balas perdidas, cidadãos de bem, crianças, mulheres, idosos, gente inocente,
como acontece hoje. Operações nas favelas? Sim. Mas, cirúrgicas, eficazes,
precedidas de trabalhos de inteligência e planejamento. As polícias dos meus
dois governos no Rio de Janeiro prenderam centenas de traficantes, homicidas,
estupradores, prenderam os bicheiros, chefes de máfias criminosas do jogo
ilegal, do tráfico de drogas e de armas. Eu prendi os bicheiros, mas quem levou
a fama foi a respeitável e douta juíza Denise Frossard, que os condenou por
justiça. No governo Moreira Franco, os bicheiros frequentavam e eram
banqueteados no Palácio do Governo. Quando assumi o Governo do Rio de Janeiro
pela segunda vez, em 1991, sucedendo Moreira Franco, a capa da revista Veja
mancheteava: Rio em Guerra Civil”.
- Sobre a presença do Estado na Economia:
“A
princípio, tudo dever ser privado, não deve caber a presença ou intervenção
estatal. Numa economia de mercado, onde há livre iniciativa, com empregos e
salários, direitos e deveres de empregadores e empregados, e o objetivo de quem
produz é o lucro, o Estado não deve entrar, não deve interferir, a participação
do Estado deve ser seletiva, específica, excepcional. O Estado deve, sim,
regular, vigiar, tributar, acompanhar para defender o interesse público, e só
se tornar sujeito ou responsável pelas atividades econômicas, ser agente
produtivo, nas áreas de interesse e importância social, onde não haja
interesse, razão ou motivo do particular atuar, onde ele não tenha chance de
lucrar, não tenha perspectivas de ganho.”
- Sobre as perdas internacionais, sempre ridicularizadas pelos seus adversários:
“As
perdas internacionais, a nossa maior desgraça, se traduzem nos pagamentos
crescentes de encargos da dívida externa e o envio sistemático, e também
crescente, de lucros das grandes corporações que aqui atuam para o exterior,
não investindo, nem reinvestindo no País, não geram empregos, não multiplicam riqueza e renda.”
- Sobre a Educação em Tempo Integral, os CIEPS:
“A
Educação Integral, a Escola em Tempo Integral, livre e democrática, é fundamental,
indispensável, deve ser generalizada em nosso País, acessível a todas as
crianças e jovens, pobres e ricos, de todas as etnias e latitudes sociais,
culturais, econômicas. Ela é comum, centenária em vários países, inclusive em
alguns das Américas. Constitui ensino sob pedagogia contemporânea,
enriquecedora; prédios amplos e adequados; equipamentos apropriados ao ensino; boa
e produtiva didática; transmissão de valores, princípios, fundamentos e
referências civilizatórias acrescentativas; orientação moral, social e cultural
para formação de um caráter reto e uma personalidade sadia, digna, tolerante,
dos nossos jovens, futuros cidadãos; educação física e esportes; alimentação,
do café da manhã à sopa no final da tarde; assistência social, psicológica,
médica e odontológica, para que as crianças cresçam, se desenvolvam
harmonicamente com a sua cultura e o seu meio, visando a uma vida com saúde, paz,
prosperidade e alegria.”
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