O
Ministro Ricardo Lewandowski,
ao dividir ao meio a sanção constitucional, una e explicitamente indivisível,
decorrente do impedimento da Presidente da República pelo cometimento de crimes
de responsabilidade, dando um entendimento esdrúxulo ao Parágrafo Único, do
Artigo 52 da Constituição, sob a justificativa de que se tratava de “um
destaque”, semelhante aos que colocou em votação na Sessão de Pronúncia – levou
o Senado a se assemelhar a um empregador que dispensa um empregado por justa
causa e lhe entrega uma “carta de referência” positiva ao mercado, recomendando-lhe
“como um honesto, competente e produtivo trabalhador”.
(Foto: www.jorgeroriz.com) |
A
Presidente da República foi ao Senado na última quinta-feira. Não respondeu a uma
pergunta sequer. Disse o que quis, como quis, no tempo que lhe conveio. Com um
discurso deplorável na forma, prenhe de erros, e no conteúdo, falso,
inverídico, infundado. Sem réplicas. Ginasianamente. Seus asseclas disseram que
ela “demoliu a acusação”. Na realidade, houve uma auto-implosão asnal.
Perguntada, nada disse. E tudo lhe foi perguntado. Melhor seria que nada se
perguntasse. E tempo não se perdesse.
O Trabalhismo Brasileiro, seus personagens, seus feitos, suas conquistas e os crimes que sofreu, transformou-se no grande acervo para os discurseiros desarticulados do PT e seus aliados. O PT sempre odiou, combateu e ridicularizou Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, a doutrina trabalhista brasileira. Eis alguns assaltos oportunistas:
· Vargas, o maior estadista da História do Brasil,
que editou a CLT, produto de uma equipe de notáveis de pensamento socialista
(Lindolfo Collor e outros), “sempre foi o ditador sanguinário, que construiu a
CLT, documento fascista de dominação e controle dos trabalhadores, diploma
ultrapassado, feito em cima da Carta del
Lavoro, de Mussolini”. Mas, nas sessões do processo de impeachment, repetiam: “A CLT é sagrada, uma conquista dos
trabalhadores, que Getúlio Vargas deu ao povo brasileiro. A CLT é o porto
seguro dos trabalhadores. E Temer quer revogar a CLT, um crime etc.”.
· Compararam ao cerco que Carlos Lacerda e a
Direita fizeram a Getúlio Vargas em 1954 e que o levaram ao suicídio à posição
de ré de Dilma Roussef. Chamaram o Palácio do Jaburu, de onde Temer governava,
de “a mesma República do Galeão que traiu Getúlio”. Uma esquizofrenia
histórica. O Senador Requião, nacionalista, é verdade, mas aliado do PT, leu,
na íntegra, da tribuna, a Carta do
Testamento de Getúlio Vargas, emocionando o Plenário. Pretendeu encarnar a
Carta no PT, identificá-la com o partido de Lula. Impossível. Nenhuma
identidade.
· Para o PT, o Sindicalismo que Getúlio criou
sempre foi falso, dirigido pelo ditador. O PT sempre se colocou contra o
imposto sindical. Até a posse de Lula em 2003. Nos últimos dias, nada mais
democrático, legítimo e representativo que a “herança sindical de Getúlio, que
teceu a base do Sindicalismo brasileiro, que, agora, Temer quer destruir...”
· Leonel Brizola, o último estadista que este País
teve, sempre foi “um demônio” para os petistas, inimigo mortal, mesmo sendo o
responsável pela maior transferência de votos já havida na política brasileira
a favor de Lula no RJ, quando, em 1989, o “sapo barbudo” não se elegeria
vereador entre os fluminenses. Pois bem, durante o processo de impeachment, Brizola foi a referência da
Esquerda (que Lula e o PT nunca foram), o grande líder nacionalista,
trabalhista, socialista, democrata.
· Darcy Ribeiro construiu os CIEPS. Para o PT
“depósitos de crianças, prédios caríssimos, programa sem pedagogia, demagogia
brizolista”. No início dos anos 1990, o PT elaborou e distribuiu panfletos
contra Brizola, Darcy e os CIEPS, nos corredores do Congresso Nacional, durante
a discussão de um projeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de
interesse da Direita conservadora, que se confrontava com uma proposição do
próprio Darcy. Nas sessões do impeachment,
Darcy foi citado e recitado todos os dias. Até Dilma, nos funerais do dia 31,
no +Alvorada, mutilou um pensamento de Darcy. Pior: leu a reprodução do seu ghost writer de versos de Maiakovski. Certamente,
Dilma pensou que fosse um slogan de
uma vodca russa.
Falas
patéticas:
· “Este
Senado não tem moral para julgar a Presidenta Dilma”
( Gleise Hoffmann, inflando-se de
moralismo e sem argumentos.)
·
“Eu
acuso... Eu acuso... Eu acuso...”
(Lindberg Farias,
tentando ser tribuno, fingindo genialidade, ao plagiar mal o repetido recurso
estilístico que Émile Zola utilizou – “J’acuse”
- na carta ao Presidente Felix Faure, na França de 1898. Enquanto isto, os seus
eleitores aguardam, até hoje, a sua prometida e devastadora ação parlamentar contra
a privataria do PSDB, discurso com o
qual se elegeu, enganando os eleitores em 2002.)
·
“A Presidenta
Dilma vai ficar com uma aposentadoria de R$ 5 mil. Ela não vai poder dar aulas
em universidades... Por isto, peço às senhoras e aos senhores que não votem
pela inabilitação para o exercício de funções públicas.”
(Kátia Abreu clamando
ao Plenário para não aplicar a devida pena de inabilitação, certa de que Dilma
pode dar aula em universidades quando a falecida “Presidenta” está, há vinte
anos, para concluir o curso de mestrado.)
Onomatopeias:
· Voz de manicure aflita e endividada.
(Gleise Hoffmann em arroubos de
inconformismo)
· Voz de menino contrariado, forçado a ir ao
dentista e com mesada atrasada.
(Lindberg Farias raivoso com Ronaldo
Caiado)
Humor:
· As falas críticas e verdadeiras do Senador Magno
Malta, em linguagem popular, repletas de adágios, folclore brasileiro, citações
bíblicas e alcunhas perfeitas criadas por ele mesmo.
· O Ministro Lewandowski
chamando o Senador Cidinho Santos de “Senadora Cidinha Santos”, e o Senador
Cristóvão Buarque de “Senador Cristóvão Colombo”.
Jargões mais ouvidos:
· “Todo esse
processo é uma farsa, uma fraude nascida do ódio de Eduardo Cunha contra a
Presidenta Dilma, uma vingança do ex-presidente da Câmara. Trata-se de um
processo nascido de um desvio de finalidade. Não existem as digitais de Dilma...”
(A alguns do
PT parece que Eduardo Cunha foi orientado por Barak Obama)
· “A presidenta
Dilma é uma mulher honrada, uma mulher honesta...”
“Não mente, nunca mentiu, nunca enganou
ninguém...” – diziam alguns petistas."
· “Não está
provado o crime de responsabilidade.”
“ Onde está o crime? Se não há crime, não há autoria. E onde está o autor?” perguntou o petista. “No Alvorada” – respondeu um senador do PMDB.
“ Onde está o crime? Se não há crime, não há autoria. E onde está o autor?” perguntou o petista. “No Alvorada” – respondeu um senador do PMDB.
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