Encerramos,
com este artigo, a série que questiona a existência, no País, de partidos
Socialistas Democráticos. O balanço, ao final de cinco artigos, não é animador.
Entre nós, a denominação “Socialismo Democrático” transformou-se muito mais em
uma legenda de propaganda para atrair curiosos, ingênuos, desinformados e
incultos do que uma ideologia e regime de política. Esta, vivida por diversos
períodos, em vários países da Europa, especialmente nos países escandinavos, provou
ser capaz de transformar o Capitalismo, anulando ou, ao menos, mitigando os
seus intrínsecos pecados e males que o transformam em um sistema que,
historicamente, enseja a prosperidade de poucos, em detrimento da maioria, agrava
a desigualdade e, em consequência, multiplica a injustiça e a infelicidade
sociais.
PCB – O Diário Oficial da
União, na edição de 4.4.1922, publica o registro do “Partido Comunista – Seção
Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC)”. Durante o século passado, e
até 1962, o PC foi identificado como “Partido Comunista Brasileiro”, “PC”, “PC
do Brasil” e “Partidão”. De ideologia marxista-leninista, hoje não stalinista,
o PCB, partido revolucionário, objetiva implantar o Socialismo no lugar do
Capitalismo, considerando e agudizando a inexorável “luta de classes”. A meta é
a implantação de uma ditadura do proletariado, economia totalmente estatizada,
no ambiente de pensamento e partido único. Em sua longa história, viveu metade
da sua vida na clandestinidade, perdeu, assassinados, a maioria de seus
dirigentes, e alternou, em sua trajetória, dezenas de acertos e erros. Do seu
útero saíram o PSB, o PC do B, o PPS, várias partidos e correntes que praticaram
a luta armada de 1964 a 1985. Atualmente, o PCB rechaça, veementemente, as
políticas de conciliação entre capital e trabalho, “de compensação” para
combater a fome e miséria dos trabalhadores dentro do capitalismo, repele as
políticas “de submissão consentida à hegemonia burguesa". Ao ratificar
suas teses históricas de partido revolucionário, reciclar estratégias de luta, o
PCB, sem parlamentares no Congresso Nacional, profetiza: “o Poder Popular
assumirá (...) um Estado Proletário – a Ditadura do Proletariado – que
conduzirá a transição socialista visando a erradicar a propriedade privada, as
classes e, portanto, o próprio Estado através da livre associação dos
produtores”. Diante dessa síntese, considerando o seu fim político, o PCB
atualiza e consagra o que Marx chamou de “Socialismo Científico”, ou o caminho
para o Comunismo, em oposição a outros “socialismos”, modelos tidos como
“românticos, utópicos ou burgueses”. E não há, definitivamente, como legendar o
PCB como um partido Socialista Democrático, entendida a “Democracia” como
regime de liberdade, pluralismo e representação. A candidatura de Marcelo
Freixo, do PSOL, no segundo turno das eleições municipais no Rio é do PSOL e do
PCB.
PSTU – Idem. Persegue a
“ditadura do proletariado”, mas na linha trotskista. Considera o Impeachment
de Dilma um golpe, se opõe a Temer. Defende o aborto e a legalização da maconha.
Apóia Freixo.
PCO – Idem. Porém considera
Freixo “de direita”.
REDE – Um PV com aparência
de Esquerda, mas que é aliado do PT, seu berço e escola política. No processo
de Impeachment, foi contra a saída de
Dilma, que define como “um golpe”, apresentando, inclusive, no julgamento
final, a emenda para preservar os direitos políticos de ex-presidente,
contrariando a Constituição. Faz oposição a Temer e acompanha o PT nas votações
no Congresso. Apóia Freixo.
Pilhéria: para Freixo, o Ministério Público e a Jutiça brasileira, inclusive o STF, são seletivos. O primeiro só denuncia o PT. O segundo só condena o PT. (Foto: ILISP) |
PV – Criado em 1986, o
Partido Verde, no Brasil ou em todo o mundo, não tem como caminho, caráter ou
objetivo, uma forma de governo, um regime político ou um sistema econômico. A
ecologia, a sustentabilidade, um item no programa de qualquer partido, torna-se
a sua razão de ser e denominação. A ideologia política, os objetivos e funções
do Estado, além da ecologia – são secundários ou devem estar a serviço da
conservação do Planeta. Uma inversão na vida da Nação organizada em País. Seria
como ter um Partido da Bigamia Brasileira – PBB para quem é bígamo. Por isto, a
história do PV mostra comportamentos insólitos, alianças bizarras, à esquerda e
à direita, incoerências, contradições. Prega o aborto e a legalização da
maconha. Se é um partido Socialista Democrático? Pode ou não ser. Um mistério,
uma expectativa. Deve haver quem assim pensa em seus quadros. O importante é a
sustentabilidade, O resto é detalhe, não é fundamental. Vale tudo. Ou, depois das
eleições, não valeu nada. O PV pode estar em qualquer latitude política: à
direita, à esquerda, no centro; pode votar contra, a favor, muito pelo
contrário e “vice-versa”, como pontificou Jardel, jogador do Grêmio. Tudo vai
depender de onde o partido planta e cultiva a sua horta. Vota em Freixo.
***********************************
Nenhum comentário:
Postar um comentário