O Trabalhismo Brasileiro, seus personagens, seus
feitos, suas conquistas e os crimes que sofreu, foi o filão mais invocado,
louvado e venerado pelos discurseiros desarticulados do PT e seus aliados
durante as sessões do Impeachment. O
valioso acervo do Trabalhismo foi larga e despudoradamente utilizado. O PT
sempre odiou, combateu e ridicularizou a doutrina brasileira de Getúlio Vargas,
sistematizada por Alberto Pasqualini, prosseguida por João Goulart, renovada
por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. Essas figuras foram cantadas, incensadas,
em verso e prosa, pelo cinismo petista. Eis alguns assaltos oportunistas.
Vargas, o maior estadista da História do Brasil,
que editou a CLT, produto de uma equipe de notáveis de pensamento socialista,
que incluiu Lindolfo Collor entre outros, “sempre
foi o ditador sanguinário, que construiu a CLT, documento fascista repressivo, de
dominação e controle dos trabalhadores, diploma ultrapassado, feito em cima da
Carta del Lavoro, de Mussolini” – menospreza e brada o PT desde que existe.
Mas, nas sessões do processo de impeachment,
o PT, com as suas forças auxiliares, as siglas PT do B, PSOL e a maior parte do
deformado, corrompido e irreconhecível PDT, repetiam: “A CLT é sagrada, uma conquista dos trabalhadores, que Getúlio Vargas
deu ao povo brasileiro. A CLT é o porto seguro dos trabalhadores. E Temer quer
revogar a CLT, um crime etc.”.
Uma quadrilha na lama (Foto: Folha de Tucuruí) |
Para o PT, “o
Sindicalismo que Getúlio criou foi falso, um instrumento de dirigismo do
ditador”. O PT sempre se colocou contra o imposto sindical. Isto até a
posse de Lula em 2003. Nos últimos dias, “Nada
mais democrático, legítimo e representativo que a herança de Getúlio, que teceu
a base democrática, popular e participativa do Sindicalismo brasileiro, que,
agora, Temer quer destruir...”
Leonel Brizola, o último estadista da nossa
Política, sempre foi “um demônio de
sobrancelhas grossas”. Para os petistas, um inimigo mortal, mesmo sendo, generosamente,
o responsável pela maior transferência de votos já havida na política
brasileira, no caso, a favor de Lula no RJ, quando, em 1989, o “sapo barbudo” que não se elegeria
vereador entre os fluminenses, foi o mais votado no Rio de Janeiro e, também,
no Rio Grande do Sul. Pois bem, durante o processo de impeachment, Brizola foi “a
referência da Esquerda (que Lula e o PT nunca foram), o grande líder nacionalista, trabalhista, socialista, democrata”.
O sociólogo, antropólogo e senador, o professor Darcy
Ribeiro, meu mestre e fraterno amigo, com Brizola, planejaram e construíram os
CIEPS, um sistema, pedagogia e didática de escola de tempo integral. Para o PT
“depósitos de crianças, prédios
caríssimos, inúteis, programa eleitoreiro, demagogia brizolista”. No início
dos anos 1990, o PT, através do então deputado federal Raul Pont, elaborou e
distribuiu panfletos insultuosos, degradantes, difamadores, contra Brizola,
Darcy e os CIEPS, nos corredores do Congresso Nacional, durante a discussão de
um projeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de interesse da Direita
conservadora à qual o PT se aliou, e que se confrontava com uma proposição do
próprio Darcy. Nas sessões do impeachment,
Darcy foi citado e declamado todos os dias. Até Dilma, nos funerais do dia 31,
no Alvorada, mutilou um pensamento de Darcy, divulgando-o pela metade,
desfigurando-o, como fez Lewandowski
com o texto constitucional, iludido ou persuadido de que o
dispositivo fosse uma emenda legislativa, passível de ser apreciada como DVS
(Destaque para Votação em Separado). Para arrematar, Dilma leu, raivosa e
ameaçadora, como é do seu risível estilo, a reprodução que seu ghost writer fez com versos do genial Vladimir Maiakovski, o grande poeta da Revolução de 1917 e notável vate
romântico, esta uma face que poucos conhecem. Certamente,
Dilma, pensou que fosse um slogan de
uma vodca russa, adequada para curar o tombo petista.
Em conclusão, estupefacto, constato que fica para a
História Política Brasileira, terminado o processo de Impeachment, mais que uma apropriação indébita, mais que um assalto
explícito por parte do “Lulismo” (uma
péssima culinária do nosso molusco e nem de longe uma corrente ideológica séria),
ficando evidente que houve, mais que um furto, um verdadeiro roubo dos valores,
obras e personagens do adormecido Trabalhismo Brasileiro, atualmente invisível
na estrutura partidária do País e no Congresso Nacional.
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