Durante mais
de dez anos, nas décadas de 1970 e 1980, no início da minha vida de jornalista
profissional, assinei colunas de Humor em jornais e revistas de Niterói, Rio e
Brasília e fiz televisão numa emissora carioca. Foi um tempo fértil de muita
criação e arte, em plena ditadura militar, quando publiquei cerca de quinhentos
textos para fazer rir e pensar. Como Humorista profissional, nunca tive
problemas com a censura do regime, mesmo fazendo reflexões e críticas
lancinantes, sátiras diretas de caráter ideológico político, a governos e
oposições. Talvez porque sempre agi com respeito e elegância, não atacava a honra
das pessoas, mas iluminava, com Humor, suas ideias e atitudes, e não apelava
para o chiste grosseiro e a pornografia. Mas, sofri,
sim, poucas vezes, autocensura, do próprio veículo que trabalhava. Na verdade,
eram mais exercícios de defesa e autopreservação da empresa e dos nossos
empregos, no clima policialesco que vivíamos,
do que uma restrição à liberdade de pensamento e de imprensa. Lembro-me de que,
durante o tempo que escrevi no Diário de Notícias do RJ, em duas ocasiões, o editor não
publicou dois trabalhos meus sobre a Revolução dos Cravos, de Portugal, e seu
líder, general António de Spínola, escrito assim mesmo, com
acento agudo no pré-nome. No momento, me chateei. Depois, compreendi os vetos.
Neste artigo, não criarei ou recriarei Humor. Apenas irei contar algumas
histórias políticas, humorísticas e verdadeiras, que vivi, que ouvi ou que me
relataram na infância e juventude. Não há ficção nelas.
INJÚRIA – Numa sessão da Câmara Municipal de Angra dos Reis, RJ, o
íntegro e voluntarioso vereador getulista militante do antigo PTB, Benedito
Braz Pereira, ouve ressoar de um discurso inflamado: “Isto é uma brasfêmia!”. O
edil trabalhista indignou-se: “Protesto,
Senhor Presidente. Eu sou muito macho, sou homem, chefe de família. ‘Fêmea’
coisa nenhuma. Não admito a ofensa...!”
CIDADANIA – A vereadora Júlia Rocha, de Rio Claro, RJ, na década de
1970, questiona o Plenário da Câmara Municipal: “Temos de parar com essa mania de conceder Título de Cidadão Rio
Clarense pra gente de fora. Temos de prestigiar o pessoal da terra”.
ESTRADAS – Na década de 1960, o vereador Antonio Porto, o Baiaco, de Paraty, RJ, protestando, em
sessão da Câmara, contra o isolamento do município, sem estrada que seguisse
serra acima em direção ao interior, até o Vale do Paraíba, bradou: “Precisamos construir uma estrada de ferro, nem
que seja de pau”. Outro vereador ponderou: “Mas, Excelência, é impossível colocar trilhos para subir a Serra do Mar...”
Baiaco retrucou: “Então vamos construir
uma rodovia marítima, por cima d’água, cruzando a Baía da Ilha Grande...”
DIAGNÓSTICO – Nas eleições municipais de 1966 em Mangaratiba, RJ,
um médico trabalhava como cabo eleitoral do candidato que fazia oposição a Edson
Elias Dumas. No meio do sertão da Serra do Piloto, que faz divisa com Rio Claro,
o médico após examinar um caipira, tentando cooptá-lo, diagnosticou: “O seu caso é grave, o senhor está com
impaludismo”. O caipira rebateu prontamente: “Não, dotô, eu tô com Edson Dumas”.
CIDADANIA – A vereadora Júlia Rocha, de Rio Claro, RJ, na década de 1970, questiona o Plenário da Câmara Municipal: “Temos de parar com essa mania de conceder Título de Cidadão Rio Clarense pra gente de fora. Temos de prestigiar o pessoal da terra”.
ESTRADAS – Na década de 1960, o vereador Antonio Porto, o Baiaco, de Paraty, RJ, protestando, em sessão da Câmara, contra o isolamento do município, sem estrada que seguisse serra acima em direção ao interior, até o Vale do Paraíba, bradou: “Precisamos construir uma estrada de ferro, nem que seja de pau”. Outro vereador ponderou: “Mas, Excelência, é impossível colocar trilhos para subir a Serra do Mar...” Baiaco retrucou: “Então vamos construir uma rodovia marítima, por cima d’água, cruzando a Baía da Ilha Grande...”
DIAGNÓSTICO – Nas eleições municipais de 1966 em Mangaratiba, RJ, um médico trabalhava como cabo eleitoral do candidato que fazia oposição a Edson Elias Dumas. No meio do sertão da Serra do Piloto, que faz divisa com Rio Claro, o médico após examinar um caipira, tentando cooptá-lo, diagnosticou: “O seu caso é grave, o senhor está com impaludismo”. O caipira rebateu prontamente: “Não, dotô, eu tô com Edson Dumas”.
Norival (à esq.) e Nhonhô à época do comício (Foto: Acervo Marcelo Câmara) |
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Amigo Marcelo ! Venho Aquí te Parabenizar por esta Valiosa Contribuição à Cultura e à Informação " VERDADEIRA" Abraço Amigo e Parceiro rs !!!!
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