Liderança trabalhista e conquistas populares (Foto DCM) |
Leonel Brizola – Proezas do
gaúcho “Itagiba”, um órfão de pai aos dois anos de idade, filho de um tropeiro
assassinado pelas costas na Revolução de 1923, o caçula de cinco filhos,
nascido na roça, em Cruzinha, antigo distrito de Passo Fundo, hoje de
Carazinho, RS. Alfabetizado pela mãe, agricultora, faz o Curso Primário em duas
escolas públicas, e aos quatorze anos ganha um bolsa estadual para fazer o Curso
de Técnico Rural em Porto Alegre e em Viamão. Antes, em Carazinho, vai viver na
casa de um casal metodista, que se admira com a determinação, os talentos e o esforço
do menino e o acolhe. Trabalha como lavador de pratos, entregador de carne e de
marmitas, engraxate, vendedor de jornais e marcador de tábuas em uma serraria. O
seu primeiro registro de nascimento, e como “Leonel”, somente é feito aos
quatorze anos, em homenagem a Leonel Rocha, um maragato que lutou ao lado de
seu pai na Revolução, muito admirado pela família Moura Brizola. Na capital, enquanto
não ingressa na Escola Agrícola onde estuda por três anos, é trocador de moedas e
ascensorista. Aos dezessete anos, começa a cursar o ginasial e o
científico na Escola Júlio de Castilhos, e tem de trabalhar como carregador de
malas, engraxate e operário auxiliar numa refinaria para se manter. Aos
dezoito, é aprovado em concurso público para Fiscal de Moinhos do Ministério de
Agricultura no interior, mas logo se demite e volta a Porto Alegre para ser
jardineiro da Prefeitura. Em 1942, ingressa na Faculdade de Engenharia da UFRS.
Havia prestado o serviço militar na Base Aérea de Canoas, formando-se, depois,
piloto privado. Entre um bom emprego na VARIG e a Engenharia Civil, optou, sem
dúvida, por esta. Em 1945, ajuda a fundar o PTB gaúcho, quando conhece João
Goulart e Getúlio Vargas. Este, impressionado com a inteligência e o dinamismo
do jovem Leonel, diz aos primeiros trabalhistas, durante as caravanas para
criação dos diretórios do partido no interior gaúcho: “Botem este
guri na chapa que ele vai muito longe”. No ano seguinte, é Presidente da Ala Moça do
PTB e se elege deputado estadual constituinte, um dos mais votados. A intensa
atividade política o leva a se formar Engenheiro Civil somente em 1949. No ano
seguinte se casa com Neuza, irmã de João Goulart, a família mais rica do RS, se
reelege deputado e é nomeado Secretário Estadual de Obras Públicas,
revelando-se um grande administrador. Resumindo sua trajetória no Trabalhismo e
na Esquerda, sempre como nacionalista: 1) Duas vezes deputado estadual no RS.
2) Prefeito de Porto Alegre. 3) Governador do RS, realiza o maior programa de
Educação e Saúde Públicas de uma unidade federativa. 4) Pela primeira vez no
País, estatiza duas empresas estrangeiras que muito arrecadavam da população, eram
ineficientes e não investiam nos setores de energia e telefonia onde atuavam; a
produtividade e a produção das empresas, agora públicas, são quadruplicadas. 5)
Realiza o único programa de Reforma Agrária bem sucedido no Brasil, com a
criação de pequenas e médias propriedades, alterando a estrutura rural do RS,
com reflexos no Sul do País, plantando a semente do MST, dentro da lei, sem
violência ou invasões. 6) Vai, em 1962, ao Estado do seu maior adversário, ao
terreno do inimigo, a Guanabara de Carlos Lacerda, da UDN, e obtém, para a
Câmara Federal, um terço dos votos do eleitorado carioca, sendo mais votado do
País. 7) Em 1961, lidera a Rede da Legalidade, garantindo a posse constitucional
do Vice-Presidente eleito João Goulart. 8) Exilado por quinze anos, volta ao
Brasil, funda o PDT e é eleito, duas vezes, governador do RJ, contra a máquina
federal e as Organizações Globo, tornando-se o único brasileiro, no período
republicano, a dirigir dois Estados. 9) Responsável pela maior transferência de
votos da História Política Brasileira, ao dar a vitória a Lula no RJ e no RS em
1989, quando o petista, à época nos dois Estados, não se elegeria deputado
estadual. 10) Executa, com Darcy Ribeiro, Maria Yeda Linhares e Oscar Niemeyer,
os CIEPS, o maior e mais bem sucedido programa pedagógico de Educação Pública,
constrói a Linha Vermelha e o Sambódromo, amplia e reforma o sistema Guandu e
consegue financiamento japonês e do BID, para despoluição da Baía da Guanabara,
dos Rios Tietê e Guaíba, recursos mal geridos e desviados pelos governos que o
sucederam. 11) É eleito Vice-Presidente e, em seguida, Presidente de Honra da
Internacional Socialista. 12) Inventa (e por eles é traído) César Maia, Marcelo
Alencar e Garotinho, entre outros; 13) De Saturnino Braga, Brizola levou “duas rasteiras”.
Em 1982, acolhe Saturnino no PDT e o elege Senador. Em 1986, Brizola o faz o
primeiro prefeito eleito do Rio de Janeiro, mas, no ano seguinte, ele rompe com
Brizola e volta ao PSB, seu partido antes do Golpe de 1964. Em 1989, num ato
patético, o “administrador” Saturnino declara, oficialmente, a “falência da
Prefeitura do Rio”. Em 1992, milagrosamente, se elege vereador. Em 1994, tem
votação ridícula para o Senado e, em 1996, não consegue sequer chegar à Câmara
de Vereadores. Em 1997, se reaproxima de Brizola. No ano seguinte, numa
coligação de Esquerda, Brizola o coloca, de novo, no Senado, com o compromisso,
formalizado em cartório, de Saturnino ceder a metade do seu mandato (quatro
anos), ao primeiro suplente do PDT, o que não cumpre, exercendo o mandato até
2006, dando “a segunda rasteira” em Brizola, voltando a apoiar Lula. 14)
Em 2000, Brizola é derrotado na eleição para a Prefeitura do Rio para Luís
Paulo Conde, cria de César Maia; 15) Em 2002, não chega ao Senado, vencido pelo
incorruptível Sérgio Cabral, o Bispo Crivella, o ignoto pastor Manoel Ferreira,
o medíocre Edson Santos, vereador do PT, e o tíbio Artur da Távola. Faleceu, em
2004, aos 82 anos, vítima de problemas cardíacos. Para os trabalhistas, depois
de disputar duas eleições para Presidente da República, “Brizola não perdeu. O Brasil foi quem perdeu em não tê-lo como
Presidente”. Alguns creem que, se Brizola sobrevivesse apenas ao Mensalão
do PT, mesmo sem mandato, mas falando ao Povo e à mídia, Lula não conseguiria se
reeleger em 2006.
Heráclito
Fortes – Atua como Assessor, durante a Ditadura, em vários ministérios e empresas
públicas. É filiado, no Piauí, à ARENA de 1970 a 1979 e ao PP de 1979 a 1982.
Em 1978 fica na segunda suplência da ARENA para a Câmara dos Deputados. Mas, em
1982, assume a vaga, e fica até o ano seguinte, em virtude do falecimento do
titular. Vai para o PMDB, é eleito, para o mandato de 1983 a 1987 e para o
período 1987-1979, como constituinte, mas neste último ano renuncia para
assumir a Prefeitura de Terezina. De 1995 a 2003, em duas legislaturas, é
deputado federal pelo PFL. De 2003 a 2010, foi eleito Senador para um mandato
de oito anos pelo mesmo PFL, mas em 2007, transfere-se para o DEM. Em 2013,
ingressa no PSB, se elegendo, no ano seguinte, deputado federal, mandato que exerce
atualmente. Amigo íntimo de Ulysses Guimarães, integrava a “Turma do Poire”, no Restaurante Piantella, em
Brasília, de 1976 a 1992. Apesar de obeso, um contorcionista.
Getúlio Vargas – Não
reproduzamos aqui a sua biografia política que é vastíssima, seminal,
fundamental para a Nação e para o País que temos. E os leitores a conhecem.
Destaquemos apenas três proezas, três dons de caráter e personalidade, de
formação, de civismo e ideal político, que ele transformou em três indefectíveis
condutas: 1) A sua distinta honorabilidade e incólume retidão como Homem
Público: um cidadão que governou o Brasil, como ditador e como republicano
eleito, dirigindo-o por dezenove anos, sendo quinze ininterruptos, ingressou e
deixou a política com o mesmo patrimônio pessoal e familiar. 2) Sua magistral habilidade
política, sua incrível capacidade de produzir entendimentos, unir ideias e
tendências, agregar pessoas, inclusive atraindo adversários para participar,
colaborar, até para governar com ele. 3) Sua notável visão e sensibilidade política,
econômica, social e capacidade de realizar de Estadista. Apesar da mídia e dos
militares da Direita a reboque do feroz e implacável Lacerda, somente um tiro,
desferido por ele mesmo, foi capaz de vencê-lo, retirá-lo do poder.
Marcondes Gadelha – Três
mandatos consecutivos como “autêntico do MDB”, da Esquerda oposicionista, de
1971 a 1983, sempre ameaçado de cassação pela Ditadura. Surpreendentemente, em
1989, é candidato a Vice-Presidente da República na chapa abortada de Sílvio
Santos, pelo PFL, partido pelo qual retorna à Câmara em 1998 e em 2003. Em
2007, mais um mandato de deputado federal, agora pelo PSB. Atualmente, continua
na Câmara, e até 2019, desta vez pelo PSC, agremiação de Direita explícita, ao
lado de Bolsonaro. Um caso a estudar.
Lula – Após dois
desgovernos, o processo do Mensalão transitado em julgado e o Petrolão em
andamento, ambos dos quais foi o chefe; a sua decisiva, oculta e golberiana participação nos desastrosos
governos de Dilma; dezenas de atos criminosos comandados e praticados por ele, denunciados
e provados – Lula, incrivelmente, continua solto. Sem algemas, sem focinheira,
sem coleira. E, também, sem tornozeleira eletrônica. Um fenômeno bem sucedido
de delinquência política.
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Parabéns pelo Blog. Meu Amigo!?
ResponderExcluirEstamos com a sede do saber, da cultura, da experiência de vida, da história da política brasileira vivida....sede de ler mais e muito mais conhecer. Que venham mais e mais notícias e relato de fatos histórios neste blog.
ResponderExcluirObrigado.
Manhã de Domingo, 30 de Outubro, 2016.
Jorge Béja
Meu caro primo, Marcelo Câmara, parabéns pela iniciativa do blog. Sem dúvida você dispões de um ótima ferramente para expressar as suas idéias acerca dos mais diversos temas que dizem respeito a todos nós, brasileiros. Forte abraço. Ruy Câmara
ResponderExcluirBelo histórico de Brizola. Desconhecia complemente. Mais uma razão para admira-lo. Parabéns Marcelo. Abs. Israel Testa.
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