Neste artigo, vamos
analisar a história e a conduta atual de mais dois partidos brasileiros que se
apresentam como “Socialistas Democráticos”. O primeiro, o PC do B, de ideologia
marxista-leninista-stalinista, nascido na década de 1960 de uma dissidência do
antigo “Partidão”, insiste em propagar que tem 94 anos, querendo furtar para si
a idade do PCB. O segundo, o PSB, também de inspiração marxista, mas não
revolucionário, exibe história acidentada, prenhe de equívocos, conflitos e
contradições, como suas duradouras núpcias com o PT, recentemente desfeitas.
PC do B
– Fundado em 1962, decorrente de uma dissidência havida no seio do PCB, que
seguindo líder soviético Khrushchov, optou pela desestalinização, em 1956, do Movimento Comunista Internacional , o
PC do B tem ideologia marxista-leninista e no seu nascimento já adotava,
consequentemente, a linha política de Joseph Stalin. Várias vezes, o partido
foi atingido por dissidências, correntes e militâncias paralelas, marginais.
Depois, percorreu as linhas maoísta, chinesa, e, por fim, albanesa, todas
experiências comunistas frustradas. Na década de 1980, cheguei a participar, a
convite do PC do B, em Brasília, das comemorações de um aniversário de nascimento
de Stálin, quando assisti ao então dirigente Renato Rabelo proferir
entusiástica e derramada palestra sobre a vida do “grande e eterno Joseph
Stálin, nosso líder inspirador”. Ao cultuar a ideologia marxista-leninista, ao
perseguir a ditadura do proletariado, um regime totalitário, de partido único,
contra a liberdade e o pluralismo partidário, um regime partido único, de
economia estatal, centralizada, afasta o partido do rol dos Socialistas
Democráticos. Pragmaticamente, por largo tempo, o PC do B foi um aliado de
Leonel Brizola, tanto nas eleições nacionais, como nas estaduais. Porém, ao se
compor com os desgovernos de Lula e Dilma, participando deles inclusive, ao se
comportar como um instrumento do PT, a sigla se distancia definitivamente desse
terreno, exceto se considerarmos legítimo e válido o conceito marxista,
exclusivo e excludente, de “democracia”.
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Arraes (1916-2005):
contradições e apoio a Lula
(Foto: https://pt.wikipedia.org) |
PSB – O
partido nasceu em 1947, do grande fórum 2ª
Convenção Nacional da Esquerda Democrática, com a absorção de ideias
marxistas, porém como uma alternativa mediana, formulada por João Mangabeira,
Hermes Lima e Domingos Velasco, ao Trabalhismo de Getúlio e o Comunismo de
Prestes. Percorreu tortuosos e contraditórios caminhos, interrompidos pela Ditadura
Militar de 1964, que incluíram o abrigo de grupo trotskista, aproximações e
alianças com a UDN e com o Janismo. Em 1985, o PSB foi refundado. Ao retornar
do exílio em 1979, Miguel Arraes, que fora Governador de Pernambuco pelo PST,
uma sigla trabalhista, aliada a Jango e Brizola, não ingressa no PDT, como se
esperava e seria natural. Arraes se filia ao PMDB, assim como Waldir Pires, do
antigo PTB, para surpresa de todos. Em 1990, o governador de Pernambuco, Miguel
Arraes, eleito pelo PMDB, vai para o PSB. Em 2000, o partido recebe Antony
Garotinho. Importantes quadros, por isto, deixam o partido. Garotinho é
candidato a Presidência da República, fica em terceiro lugar e influencia o PSB
por três anos, quando, então, é, praticamente, “expulso” da agremiação, pois
tem o seu recadastramento negado. Arraes retorna à direção e volta a dominar o
PSB, apóia Lula nas eleições de 1989 até 2006, e Dilma em 2010. Antes da
eleição de 2010, recebe Ciro Gomes, perde mais quadros por conta dessa
filiação, mas não o lança candidato a Presidente, preferindo Dilma. Sempre
aliado ao PT, participa dos governos petistas. Somente em agosto de 1914, o PSB
desperta, critica os rumos das políticas do PT, sai do governo Dilma e lança
Eduardo Campos, neto de Arraes, à Presidência da República, com um programa de
governo distante da ideologia populista e da política orçamentária e fiscal
suicida do PT. Um desastre de avião mata Campos e o PSB acolhe Marina Silva, em
processo de registro da Rede de Sustentabilidade, como candidata à Presidência.
No segundo turno, Marina, derrotada, pessoalmente apóia Aécio Neves, mas o
Diretório Nacional do PSB, incrivelmente, recomenda o voto em Dilma. Após
tantas contradições e hesitações para reassumir, efetivamente, os princípios e
objetivos do Socialismo Democrático, mesmo não participando do governo Dilma em
seus estertores, o PSB se dividiu, se pulverizou ao votar o impeachment, com parlamentares a favor e
outros contra o impedimento de Dilma, defendendo a sua permanência. Atualmente,
com o seu afastamento, aparentemente irreversível, do desmoralizado PT,
distante da irresponsabilidade, do populismo e da demagogia criminosa do PT, o
partido retoma o seu tradicional ideário, tenta cumprir, coerentemente, no
posicionamento e pronunciamentos de sua direção, no comportamento parlamentar,
o seu histórico e prestigioso programa, identificando-se, verdadeiramente, como
um partido Socialista Democrático.
No próximo artigo, visitaremos, criticamente, os
demais partidos que se apresentam como “Socialistas Democráticos”.
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Corrigindo: agosto de 2014.O PSDB com políticos como: Mario Covas; José Serra;Franco Montoro; Tasso Gereissati; FHC e outros, é neoliberal? Acredito estar muito mais próximo da Social Democracia.
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